
Quem está começando a investir ou deseja proteger seu patrimônio com mais segurança inevitavelmente se depara com duas opções populares: Tesouro Direto e LCI (Letra de Crédito Imobiliário).
Ambas fazem parte da renda fixa, são indicadas para perfis conservadores e oferecem rentabilidades previsíveis — mas cada uma tem características específicas que podem fazer diferença no seu bolso.
Enquanto o Tesouro Direto é emitido pelo Governo Federal, a LCI é oferecida por bancos e instituições financeiras para captar recursos destinados ao setor imobiliário.
Mas afinal, qual dessas duas aplicações rende mais? A resposta vai muito além de uma simples porcentagem. Envolve prazos, taxas, tributos, liquidez e até seu perfil de investidor.
Neste artigo, você verá uma comparação real, com vantagens, desvantagens e um passo a passo para decidir com segurança onde aplicar seu dinheiro.
O Que é o Tesouro Direto?
O Tesouro Direto é um programa do Governo Federal que permite que pessoas físicas comprem títulos públicos pela internet, a partir de cerca de R$ 30.
Esses títulos servem para financiar áreas como saúde, educação e infraestrutura.
Existem três principais tipos:
- Tesouro Selic: acompanha a taxa básica de juros (ideal para reserva de emergência).
- Tesouro Prefixado: tem uma taxa fixa definida no momento da compra.
- Tesouro IPCA+: oferece uma taxa fixa somada à inflação (IPCA), protegendo o poder de compra no longo prazo.
O Que é a LCI?
A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) é um título de crédito emitido por bancos para captar recursos que serão usados no financiamento do setor imobiliário.
Quando você investe em LCI, está emprestando dinheiro para o banco, que usa esse capital para conceder crédito para compra de imóveis.
A principal vantagem da LCI é a isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que pode fazer uma diferença relevante na rentabilidade líquida.
As LCIs podem ser:
- Prefixadas
- Pós-fixadas (atreladas ao CDI)
- Híbridas (IPCA + taxa fixa)
Comparativo: Tesouro Direto vs LCI
1. Rentabilidade Bruta x Rentabilidade Líquida
No Tesouro Direto, os rendimentos sofrem incidência de Imposto de Renda regressivo, que varia de 22,5% a 15%, conforme o tempo da aplicação.
Na LCI, por outro lado, os rendimentos são isentos de IR para pessoa física, o que pode elevar significativamente a rentabilidade líquida.
Resultado: Se o Tesouro Direto e a LCI apresentarem o mesmo rendimento bruto, a LCI terá um rendimento líquido maior.
2. Liquidez
- Tesouro Selic: alta liquidez, com resgates em D+1 (um dia útil após solicitação).
- LCI: normalmente tem carência mínima de 90 dias, e muitos títulos só podem ser resgatados no vencimento.
Resultado: O Tesouro Direto vence no quesito liquidez, sendo mais indicado para objetivos de curto prazo e reserva de emergência.
3. Risco
Ambos são considerados investimentos seguros, mas com diferenças:
- Tesouro Direto: tem risco soberano, ou seja, do próprio Governo Federal — considerado o mais seguro do país.
- LCI: tem garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até R$ 250 mil por CPF, por instituição.
Resultado: Ambos são seguros, mas o Tesouro Direto oferece uma camada extra de solidez por ser emitido pelo governo.
4. Acessibilidade
- Tesouro Direto: permite começar com cerca de R$ 30.
- LCI: valores mínimos variam conforme o banco ou corretora, geralmente a partir de R$ 1.000.
Resultado: O Tesouro Direto é mais acessível para quem está começando ou quer aplicar valores menores.
Exemplo Prático de Rentabilidade
Imagine dois investimentos, ambos com vencimento em 2 anos:
- Tesouro Prefixado com taxa de 10% ao ano (bruta)
- LCI pós-fixada com 92% do CDI (CDI em 10,75% ao ano)
Tesouro Direto:
- IR sobre rendimento após 2 anos: 15%
- Rentabilidade líquida aproximada: 8,5% ao ano
LCI:
- 92% de CDI → 9,89% ao ano (bruta e líquida)
- Sem IR
Resultado: A LCI vence nesse cenário. Porém, se o CDI cair, seu rendimento pode ser inferior ao Tesouro Prefixado.
Passo a Passo Para Escolher o Melhor Para Você
Passo 1: Defina seu objetivo
- Curto prazo (até 12 meses)? Prefira Tesouro Selic.
- Médio/longo prazo e sem urgência de resgate? LCI pode ser mais rentável.
Passo 2: Analise a liquidez necessária
Se há chance de precisar do dinheiro antes do vencimento, prefira o Tesouro Direto.
Passo 3: Compare rentabilidade líquida
Use simuladores e calcule sempre o rendimento líquido, considerando o IR do Tesouro Direto e a isenção da LCI.
Passo 4: Considere o risco e a instituição
No caso da LCI, aplique até o limite de R$ 250 mil por instituição para manter a cobertura do FGC.
Passo 5: Diversifique
Se possível, distribua seu dinheiro entre os dois. Isso reduz riscos e equilibra liquidez e rentabilidade.
Cada Um Tem Seu Lugar: Entenda o Contexto Antes de Escolher
Não existe uma resposta universal para a pergunta “qual rende mais?”. O que existe é a melhor escolha para o seu perfil, prazo e objetivos.
A LCI oferece isenção de imposto, ideal para quem pode deixar o dinheiro aplicado por um período maior.
Já o Tesouro Direto é mais líquido, mais acessível e pode ser mais rentável em determinados cenários, especialmente no Tesouro IPCA+ em tempos de inflação alta.
A escolha certa nem sempre está na taxa mais alta, mas sim na coerência com o seu planejamento financeiro.
Avaliar, comparar e investir de forma consciente é o que fará seu dinheiro crescer de verdade.